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Um dia na vida de um GPM
Cassius Figueiredo, o último membro a entrar na equipe da Ccaps, conta sobre sua experiência na indústria de localização neste artigo em formato de entrevista. CCAPS: Como você definiria o trabalho de um Gerente de Projetos Globais (GPM, Global Project Manager)? Do que ele difere do gerenciamento de projetos local? CASSIUS: Um GPM trabalha no gerenciamento de projetos que envolvem centros de produção em diversos países. Uma das principais diferenças entre o trabalho do GPM e do LPM é que o GPM está em contato direto com o cliente final, sendo dele a responsabilidade de definir todos os procedimentos, de forma que as necessidades e expectativas do cliente sejam atendidas ao final do projeto. Além disso, ele também é o responsável por compartilhar a informação do projeto entre todas as partes interessadas, sendo o ponto focal da comunicação e garantindo a consistência das informações utilizadas por todos os idiomas. CCAPS: O que está envolvido em um processo clássico de GPM e quais são as armadilhas que devem ser evitadas? CASSIUS: Participar do gerenciamento de projetos globais envolve
as diversas áreas de conhecimento do gerenciamento
de projetos, iniciando pelo levantamento das necessidades
do cliente e indo até o encerramento, passando
pelo planejamento de tempo, custos, riscos, levantamento
dos requisitos de qualidade, contratações
e comunicação. Isso para cada um dos projetos
que ele gerencia e lembrando que freqüentemente
está gerenciando vários projetos ao mesmo
tempo. Acredito que as principais armadilhas estão
na comunicação e no contato direto com
o cliente. Em um projeto deste tipo, existe um contato
diário com pessoas com culturas muito diferentes
da sua e isso requer um certo grau de adaptação
por parte do gerente. No caso do contato com o cliente,
além de uma eventual adaptação
por motivos culturais, é necessária uma
atenção toda especial, pois o gerente
tem a responsabilidade de representar, e bem, a empresa
onde trabalha. O que torna a comunicação
e a organização também extremamente
importantes é que qualquer erro cometido pelo
GPM se espalha rapidamente pelos LPMs responsáveis
pela produção, podendo acarretar muitas
perdas financeiras e de tempo. CASSIUS: Iniciei meu trabalho na área de localização em 1994, na função conhecida na época como “Engenheiro de Software”. Hoje em dia esta função é conhecida como “Engenheiro de Localização”. Entre 1994 e 1998, trabalhei em vários projetos muito interessantes, tais como duas versões do Microsoft Office (95 e 97, sempre como engenheiro responsável pelo Word), Lotus Notes, Microsoft Encarta (isso mesmo, a enciclopédia da Microsoft), só para citar alguns. Nesta época, não existia ainda nenhuma das ferramentas de tradução existentes nos dias de hoje, sendo todo o processo de localização praticamente “artesanal”. Depois de passar pela gerência do Departamento de Engenharia, saí da Bowne Global Solutions (BGS) e trabalhei por dois anos no escritório da Biblioteca do Congresso, localizado no Consulado Geral Americano no Rio de Janeiro como responsável por toda a área de TI. Em 2000, voltei para a BGS como Gerente de projetos, onde fiquei até 2006. Após o processo de aquisição da BGS pela Lionbridge, nosso escritório do Rio de Janeiro foi fechado. Fui então convidado para vir trabalhar na Ccaps e aqui estou eu. Toda a experiência que tive como Engenheiro ajuda muito no dia-a-dia do Gerenciamento de Projetos, pois facilita a identificação de riscos inerentes ao processo e também na comunicação mais efetiva com os clientes. CCAPS: Como foi sua primeira experiência como GPM? CASSIUS: Foi com projetos de menor porte na BGS. Basicamente, projetos de pequeno volume da Microsoft para idiomas tais como alemão, francês, espanhol, italiano, japonês, chinês simplificado e tradicional. CCAPS:
Nesta edição da Ccaps Newsletter,
publicamos um artigo do André Barcaui, que
acredita que o gerenciamento de projetos é
feito de arte e disciplina. Você concorda com
ele e, se a resposta for afirmativa, como aplica esse
conceito ao seu cotidiano profissional?
CASSIUS: Consigo lembrar principalmente de complicadores. Trabalhar com asiáticos, por exemplo, é sempre um grande desafio para nós ocidentais, exigindo um alto grau de adaptação. As diferenças culturais são enormes e a forma de lidar com os problemas é muito diferente da forma que usamos por aqui. Eu sempre evito mandar críticas sobre um trabalho eventualmente com problemas com várias pessoas na cópia, pois os asiáticos são muito sensíveis a críticas compartilhadas entre pessoas relativamente “desconhecidas”. CCAPS: Cá entre nós, os clientes que conhecem bem localização são mais exigentes que aqueles que têm menos conhecimento do setor? CASSIUS: Cá para nós... Cliente são sempre exigentes, conheçam ou não o que estão comprando. Cabe a nós definir limites do que é possível ou não fazer e chegar a um acordo quanto às expectativas. Talvez a grande diferença entre clientes que conhecem Localização e os que não conhecem seja o fato de que os primeiros geralmente nos trazem projetos mais realistas, a princípio. Clientes que não conhecem muito nossos processos normalmente nos trazem desafios virtualmente impossíveis, e cabe a nós moldá-los ou “educá-los” para algo mais realista fazendo uso de nossa experiência na área. CCAPS: Alguma dica para os nossos leitores, entre os quais se encontram gerentes de projeto como você, e outros profissionais da área que desejam seguir essa carreira? CASSIUS: Aprendam a lidar com as pessoas, pois elas são o maior ativo de um projeto. Depois estudem bastante e mantenham-se atualizados com as técnicas existentes, pois nunca se sabe em qual encrenca você se meterá no próximo projeto, por mais familiar que ele possa parecer (como disse acima, projetos são ÚNICOS, por definição). Gosto sempre de dizer, parafraseando o futebol, que Gerenciamento de Projetos não é jogo de futebol, mas é uma caixinha de surpresas. CCAPS: Por fim, em apenas algumas palavras, como é o dia na vida de um GPM? CASSIUS: Boa essa! O dia começa com muitos e-mails, quase
todos eles com problemas a serem resolvidos. Quando
você vai se aproximando do horário do almoço,
provavelmente já resolveu metade dos problemas
que existiam no início do seu dia e já
acumulou outros tantos que chegaram durante o período
da manhã. Mais perto do final do dia você
já resolveu muitos problemas, porém ainda
tem uma parte deles pendentes, problemas estes que você prontamente transfere para o dia seguinte, quando o
processo se reinicia.
Cassius
Figueiredo é Gerente de Projetos
Sênior e está atuando no mercado de localização
há 11 anos. Trabalhou também por dois
anos no escritório da Biblioteca do Congresso
norte-americano como responsável pela área
de TI. Atualmente gerencia projetos globais e projetos
locais na Ccaps.
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article was also published in Сcaps Newsletter
(http://www.ccaps.net)
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